História

A freguesia de Cunheira pertenceu à povoação de Chancelaria até 20 de fevereiro de 1976, ano em que se instituiu como freguesia independente, do concelho de Alter do Chão, distrito de Portalegre.

Cunheira tem por orago Nossa Senhora da Conceição, celebrada anualmente em julho, em data móvel.

O topónimo “Cunheira”, embora não se conheçam grandes estudos etimológicos a seu respeito, pensa-se que poderá estar relacionado com a densa florestação no local, especialmente de coníferas: apesar dos dicionários de língua portuguesa atribuírem ao termo “cunheira” o seguinte significado: “fenda aberta numa pedra que há-de rachar”, que naturalmente nada tem a ver com a raiz etimológica do topónimo.

Como freguesia desanexada da de Chancelaria, Cunheira tem a sua história ligada com a da povoação de origem. Deve o povoamento do seu território ascender a épocas pré-romanas como aconteceu por todo o termo de Alter do Chão, julgando-se que o megalitismo deverá ter tido forte incremento nesta freguesia.

Com a chegada dos romanos, povo cuja apetência agrícola é famosa, os campos, um pouco por todo o concelho, passaram a se agricultados. Os povs que se seguiram, especialmente os árabes, também parece que escolheram este local para se fixarem, de forma definitiva ou passageira.
Os primeiros tempos da monarquia portuguesa trouxeram as esforçadas tentativas, por parte dos nossos monarcas, de repovoar esta parte do Alentejo em que Cunheira se insere, sabendo-se que grande parte da região estava,na época, quase despovoada. Os primeiros monarcas de Portugal tiveram sempre como uma das suas principais preocupações, o aumento da população, especialmente D. Afonso III que conseguiu atrair muita gente a esta zona do país. D. Dinis prosseguiu a obra de seu pai, continuando os esforços para aumentar a população das terras do atual concelho de Alter do Chão, mediante a atribuição de grandes privilégios, foros, isenções e liberdades. Mais tarde, pela nova reforma dos forais mandada efetuar por D. Manuel I, a freguesia de Chancelaria recebia ao seu primeiro e único foral, a1 de junho de 1518, de cujas importantes e privilegiadas disposições,também em muito a povoação de Cunheira beneficiou.

Destacam-se no património cultural e edificado da freguesia: a Igreja Matriz, a Fonte do Fraguil e o edifício do Centro de Dia. Como locais de interesse turístico ressaltam a praça de touros, as piscinas, o parque de merendas, o recinto de festas a a reserva de caça. Uma das típicas características desta freguesia é a disposição das ruas de Cunheira que convergem todas para o largo da freguesia.
No campo económico ganham destaque como atividades principais da população ativa local: a agricultura, a silvicultura, a indústria de extração de carvão, a construção civil, a serralharia, o comércio e os serviços.

Origem

  1. Supõe-se que o seu nome se deve ao seguinte: Toda aquela região foi uma forte floresta, e, não sei porquê, construiram ali uma casa para guardar as ferramentas utilizadas na desbaste dessa. Desses utensílios faziam parte as célebres Cunhas, que deram à casa o nome de CUNHEIRA. Em volta desta foram-se construindo casas e daí até ao volume que tem hoje a povoação só foram necessárias pedras, barro e pedreiros. Esta informação foi-me dada pelo meu caríssimo amigo e outrora colega liceal, Dr. Alberto António da Rosa, que foi ilustre clínico na vila de Almeirim, e que era natural daquela povoação. Segundo ele me contou, esta informação foi colhida em conversas com velhotes, naturais da referida localidade e na mesma residentes, e parece que tem visos de verdade. Foi, pois, colhida da tradição oral. Antes de ter autonomia administrativa, isto é, ser sede de freguesia, era povoação anexa à freguesia da Chança.
  2. De Informação Particular, de 3 de Agosto de 1982, do ilustre advogado alterense, Dr. Alexandre Mendes Gordo Proença, residente na vila de Moura, distrito de Beja: “Duas povoações, a partir de dada altura – a compunham: a Chança — a parte chã, plana – e o monte da CUNHEIRA que não deve ser muito velho, ao que conjecturo. Havia que estudar a agricultura da zona, para podermos captar o nascimento da CUNHEIRA. Colher as informações fornecidas pelos livros da Igreja que nos podem auxiliar, nesta pesquisa. Nos começos do século XVIII tinha a CUNHEIRA sómente 40 vizinhos, isto é, 160 pessoas. De cór, sei que há ali uma herdade da Sepilheira. Há que confrontar e ver, se na zona, há mais topónimos com sufixo em líro ou eira, para concluir-mos pelo certo do nome CUNHEIRA.”
  3. De Informação Particular, de 4 de Agosto de 1982, do senhor António Augusto Batalha Gouveia, considerado toponimista, de Lisboa: “A área geográfica que envolve certos topónimos de que ultimamente me tenho ocupado, designadamente CHANÇA e SEDA, deixa prever a existência de um culto pré-cristão em que a mulher representou um papel assaz importante. Tratar-se-iam de clãs que faziam do símbolo feminino, objecto de idolatria, o que não deixa de ser urna agradável (e saudável) predisposição de espírito. uma vez que a mulher era então considerada o ser mais perfeito de toda a criação o que aliado à maternidade deu azo a uma simbiose difícil de ultrapassar em termos de belo. Vou hoje abordar o topónimo CUNHEIRA, nome de uma graciosa freguesia do concelho de Alter do Chão. A expressão CUNHEIRA, embora já muito desfigurada relativamente ao seu étimo, mergulha as suas raízes lexicais nas falas anatólicas, mais concretamente no país dos CÓNIOS a CÓNIA das densas matas de coníferas, nome dado à espécie botânica que tem o pinheiro corno principal representante. Vamos encontrar as cónias no ocidente ibérico antes e durante a ocupação romana, tendo-se fixado principalmente no Algarve. Existe um ídolo de pedra, cuja idade está estimada em cerca de doze mil anos antes da nossa era, que representa uma mulher cuja cabeça tem a configuração de uma pinha. Trata-se de uma deusa da fertilidade, pois a pinha, pelas suas numerosas sementes – os pinhões – é bem o símbolo da capacidade reprodutora da natureza, a genatriz princípal, e da mulher secundariamente. Os cónios eram igualmente conhecidos pelos nomes de cúneos ou gúneos, sendo o par feminino as chamadas cunas ou gunas. Foi esta última forma que os gregos importaram para denominarem a mulher (gunê), correspondente ao sânscrito gana (ou Jani). Diz-se que o berço da humanidade localizava-se nessa Cónia florestal onde os pinhões seriam o alimento preferido dadas as suas excelentes qualidades organolépticos. Curiosamente, os espanhóis adaptaram o termo Cuna a que deram a acepção de “berço”, presente no latim cunabula ou incunabula (donde incunábulo), passando nós a utilizá-lo para designarem a vulva, que em latim se escrevia cunu. O étimo importou o mesmo tema (Kuni de Kunu) para exprimir o conceito “geração”, correspondente ao grego génos e ao latim genus “género” ou “espécie”. O gótico Kuni está presente no antigo alemão Kunning e no moderno Konig, “rei”. No anglo-saxão, cuna metaplasmou-se em Cvene, donde o inglês moderno “queen” “rainha”. O sânscrito gana, “mulher”, fonetizou-se bana na língua céltica e zena no antigo búlgaro, ambos com o sentido de “senhora”. A “santa” (ara) “madre” (cuna) , isto é a Cunara , foi o nome que o clã fundador de CUNHEIRA lhe atribuiu em homenagem à “Senhora da Vida”. Revestem certo interesse as informações que o Dr. Alberto António da Rosa, médico em Almeirim e natural da CUNHEIRA, deu a propósito do nome da sua terra ao Prof. Alexandre de Carvalho Costa e que este regista no seu livro Lendas e Historietas Populares, que peço vénia para transcrever. “Supôe-se que o nome CUNHEIRA se deve ao seguinte: Toda aquela região foi outrora uma densa floresta e, não sei porquê, construíram ali uma casa para guardarem as ferramentas utilizadas no desbaste das árvores. Desses utensílios faziam parte as célebres cunhas que deram à casa o nome de CUNHEIRA”. Como se vê, a CUNHEIRA era outrora uma cónia em em ponto pequeno em cuja mata preponderava o pinheiro, o símbolo da deusa-mãe dos nossos ancestrais mesoléticos.
  4. CUNHEIRA – O decreto-lei N.° 148/76, de 20 de Fevereiro de 1976, criou no concelho de Alter do Chão, a freguesia da Cunheira, isto é, depois dessa data, tomou autonomia administrativo.
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